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02-09-2004

As lições do Zé Maria


Univer(sal)idades

Podiam ser as do “tonecas”! Ou as da selecção olímpica de futebol! Mas não, estas são mais sérias. Foi a sério que ‘levaram’ do museu de Oslo as telas mais valiosas do Norueguês Munch, “o grito” e “madona”, (e que o negócio com furto de arte movimenta mais de quatro mil milhões de euros por ano – até o tonecas ficava admirado!); é também verdade que, preocupado com a defesa essencial da originalidade (única, divina) da própria humanidade, João Paulo II manifestou-se mais uma vez sobre a clonagem, segundo especialistas, a grande questão bio-ética do século XXI. Isto nos dias em que algo de novo aconteceu: há semanas chegou a “via verde” para dois cientistas britânicos clonarem embriões humanos (pretensamente com fins terapêuticos) ao que se julga ser a primeira licença legal atribuída na Europa. Tudo em agosto, um mês óptimo para assuntos fundamentais passarem despercebidos! Mas quem não passa indiferente nestes dias é o Zé Maria. Esta lição de vida já lhe é bem séria e preocupante…e, agora, precisa mesmo do repouso e silêncio para recuperar e regressar da ilusão à realidade. Nesta figura-tipo, no seu percurso mediático usada para tudo e para nada, muitas lições haverão de ser tiradas. Depois das suas tentativas de suicídio, que bom seria se um alto comissariado para as comunicações sociais reflectisse e gerasse mais algumas referências éticas, mesmo para os programas de entretenimento, e inventasse uma forte dinâmica de espírito crítico no espectador, o essencial saber ver! É que, mais coisa menos coisa, está sempre na primeira linha a educação das novas gerações! O futuro do país! E, quando os ídolos são produzidos (e para isso, muitas vezes, já basta terem qualquer coisa de diferente, até esquisito, e quanto menos pensarem melhor!), são levados para as revistas, tornados “os maiores”, mediáticos, mas sem haver condições… então, no reverso da medalha, como não há alicerce, o castelo das ilusões desmorona-se. E nele muito desencanto (perigoso) dos seus, por vezes fanáticos e novos, seguidores. Em tempos idos (há quatro anos) fora quase um símbolo com aclamação nacional! Um Zé Maria! De nome Zé, criando empatia com um “Zé Povo”! Maria, um grande amigo das galinhas! Tudo perfeito. Do nada (ou melhor do algo, com toda a dignidade da sua profissão dos tempos de servente de pedreiro) de repente, qual toque de mágica, cai-lhe tudo nas mãos. Não só uma lotaria de 20 mil contos… Mas bem mais que isso, uma imagem. “Porquê e para quem uma imagem?”, perguntaria na sua ingenuidade o Zé. “Para vendermos mais e tu seres usado como nosso objecto-meio”, responde na sua estratégia sem fronteiras o canal TV. Com o passar do tempo, o herói-símbolo vai-se esvaziando. Num custoso regresso à realidade, onde os seus pés de barro não aguentam o choque. A crueza e objectividade da realidade é essa mesma, não há famosos à boleia por muito tempo. Tudo passa e o fundamental será sempre a convicção interior nas palavras e acções daquilo que se é de verdade. Não faltam opiniões para tudo: se a própria apresentadora do programa que empolou o Zé já disse que teria sido bem melhor para ele não ter participado em tal programa, já Emídio Rangel é mais claro nas regras do jogo: “Zé Maria gozou a vitória, mas não aguentou o retorno à sua vida anterior. A televisão tem culpa? Eu acho que não, porque esse era o pressuposto óbvio, o retorno à sua anterior condição” (Correio da Manhã, 21.08.04). Quase que perguntamos se, no meio destes ‘pressupostos óbvios,’ existe lugar para mais alguma dignidade das pessoas… (independentemente de não alienarmos a responsabilidade derivante das opções de quem participa nos concursos; elas sabem das regras e assinam papéis com compromissos sérios…mas tudo como se fosse a brincar! E na expectativa da curiosidade ou de enriquecer rapidamente sem trabalhar.) Para além das lições que colhemos todos os dias, muitas provindas da sociedade do conhecimento e comunicação que ‘habitamos’, onde há sempre tanto a aprender… a vida (essa que não se aprende nos livros) e o futuro de todos terão de merecer sempre a maior preocupação. E existe uma imensidão de perigos que, principalmente para quem está na formação da sua personalidade, a TV muitas vezes poderá conter. Deste caso-tipo (e abstraindo-nos, respeitosamente, da pessoa concreta do Zé Maria), como de situações semelhantes, onde o vazio e tentativa de suicídio vêm depois alta da fama, muito dará que pensar: para os educadores (que vêm seus educandos seguirem, sem espírito crítico as vedetas), para as comunicações sociais (na re-fundada consciência do seu papel formador na sociedade…e não só vendedor), e nos próprios que são ou embarcam nas ondas dos famosos e das famas: acrescentar mais doses de razão, consistência, consciência ao mundo das emoções fáceis será um desafio fundacional. Pois, não há fama que sempre dure…! É também esta a visão, fruto de sabedoria longínqua (por isso não do imediato), do amigo “Zé Povo”. Essas páginas das revistas de culto dos famosos, que tantas vezes iludem realidades bem menos sorridentes, são também um sinal do efémero dos tempos presentes. A lição-do-sentido-da-vida, que não se fotografa nem clona, quer ser a ‘passerele’ diária do trabalho realizador e da simplicidade pessoal, a aula da verdade que gera esperança interminável. Aqui sim, nada será virtual, haverá sempre condições! (Francis Obikwelu - que não é jogador de futebol - poderá ser nestes dias lição exemplar desta persistência de saber lutar para vencer. Tem a merecida admiração olímpica de todos!...) alexandre cruz.25.agosto.04

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